Em portadores de insuficiência
cardíaca, qualquer atividade simples do cotidiano, como subir escadas, fazer
compras ou tomar banho, pode causar taquicardia, fadiga e dificuldade para
respirar.
Tal intolerância ao esforço,
segundo dados da literatura científica, está relacionada com uma hiperatividade
do sistema nervoso simpático – parte do sistema nervoso autônomo responsável
por controlar, entre outros fatores, os batimentos cardíacos, pressão arterial
e a contração e o relaxamento de vasos sanguíneos.
Os mecanismos moleculares por
trás da hiperatividade simpática e os efeitos benéficos do treinamento físico
na modulação desse sistema foram investigados durante o doutorado de Lígia M.
Antunes-Corrêa, realizado no Instituto do Coração da Universidade de São Paulo
(Incor-USP) no âmbito do Projeto Temático.
Existem dois tipos de
receptores no tecido muscular: o metaborreceptor e o mecanorreceptor. Em
pessoas saudáveis, a ativação desses receptores durante a realização de
exercícios físicos tem a função de aumentar a atividade do sistema
cardiovascular e respiratório e garantir o aporte adequado de sangue e oxigênio
para as células.
Já a hiperatividade do
mecanorreceptor foi relacionada com o aumento da inflamação muscular mediada
pela enzima ciclooxigenase-2 (COX2). Essa enzima participa da produção de
prostaciclinas, prostaglandinas e tromboxano – moléculas que podem modular a
sensibilidade dos mecanorreceptores
Em um trabalho divulgado em
2003 no Journal of the American College of Cardiology, o grupo mostrou que o
treinamento físico diminuiu significativamente a atividade nervosa simpática.
Agora avançamos no
entendimento de como o exercício modula a ação desses receptores. O grande
diferencial da pesquisa é o aspecto translacional, ou seja, a associação entre
os achados moleculares e o estado clínico do paciente.
A grande lição que podemos
tomar é que respeitando nossos limites, as atividades físicas nos levam a uma
vida saudável e feliz, afinal de contas, fazer exercícios é um prazer.
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